A visita guiada no Senado Federal passará a contar com uma experiência imersiva sobre fatos e atividades marcantes da instituição em seus 200 anos. A partir de sábado (23), os visitantes usarão óculos de realidade virtual que permitirão acompanhar a exibição de filmes em 3D.
A produção que estreia na visitação, intitulada O Sonho de Abdias, faz referência a Abdias Nascimento (1914-2011), primeiro senador autodeclarado negro.  O filme, um curta metragem de 7 minutos, foi mostrado primeiramente a jornalistas negros e pardos nesta terça-feira (19), numa divulgação especial das ações da Casa para comemorar o Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro. A roda de conversa foi conduzida pelo senador Paulo Paim (PT-RS) e aconteceu no Salão Nobre do Senado.
Consciência Negra
A data escolhida para a apresentação de O Sonho de Abdias foi intencional. Pela primeira vez será comemorado nacionalmente o Dia da Consciência Negra, que antes vigorava apenas em seis estados e cerca de 1,2 mil cidades.
Paim disse aos jornalistas que o feriado nacional não é apenas “um dia de consciência negra, mas de reflexão de toda a sociedade e de todas as raças”. O parlamentar agradeceu o presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco, pelo apoio, mencionando que inúmeras leis em favor dos negros foram aprovadas nos últimos anos.
— Pela primeira vez, teremos um feriado nacional tão apregoado por Abdias Nascimento. Vale ressaltar que estou aqui desde a constituinte e nunca aprovei tantas leis em favor da comunidade negra como agora, principalmente quando temos o senador Rodrigo Pacheco presidindo — declarou Paim.
Filmagem
Com produção da Caixote, especializada em realidade virtual cinemática, O Sonho de Abdias foi filmado no Plenário do Senado com a participação de atores profissionais e servidores voluntários. No filme, o personagem principal, Abdias Nascimento, é representado pelo ator Rocco Pitanga e conversa com a estudante Janaína, vivida pela atriz Sophia Rosa. Ele fala sobre o sonho de um Senado mais representativo, explica que antes dele outros representantes exerceram o mandato, mas não foram reconhecidos como negros, levando o público a uma experiência única como se estivesse junto com o senador quando fez seu primeiro pronunciamento no Plenário.
O Sonho de Abdias tem duração de sete minutos e será exibido para os participantes do Programa de Visitação ao Palácio do Congresso Nacional, no final do tour. A expectativa é de que sejam atendidas em média 1.500 pessoas a cada mês.
Biografia
Abdias Nascimento foi deputado federal de 1983 a 1987 e Senador de 1997 a 1999. Pautou sua atuação política na defesa da cultura e da igualdade para as populações afrodescendentes no Brasil.
Poeta, escritor, dramaturgo e artista visual, Abdias é apontado como o mais completo intelectual e homem de cultura do mundo africano do século XX. Ativista desde a década de 1930, fundou o Teatro Experimental do Negro, em 1944, e criou o Instituto de Pesquisa e Estudos Afro-Brasileiros (Ipeafro), em 1981, para continuar sua luta pelos direitos do povo negro, sobretudo nas áreas da educação e da cultura. Em 2010 foi indicado oficialmente ao Prêmio Nobel da Paz. Faleceu no Rio de Janeiro, aos 97 anos. Em 2024 serão comemorados os 110 anos de seu nascimento.
O Senado concede anualmente a Comenda Senador Abdias Nascimento a personalidades que contribuem para a proteção e a promoção da cultura afro-brasileira.
Leis
Os jornalistas elogiaram o filme e a iniciativa do Senado. Em resposta a Karla Lucena, da GloboNews, que questionou a eficiência de tantos projetos de lei aprovados, Paim ressaltou que a criação de normas em favor dos negros é fundamental para a defesa de direitos. Ele mencionou, como exemplo, a Lei 14.532, de 2023, que tornou o crime de racismo inafiançável e sem prescrição.
Paim defendeu uma fiscalização contínua, bem como investimentos em educação para que essas legislações tenham seus objetivos efetivados.
— Se com as leis é difícil, calculemos como seria sem elas. E o que tenho defendido é justamente a realização de campanhas em nível nacional para que todas essas normas que aprovamos sejam aplicadas. Isso porque o que vale é a prática, o dia a dia, a implementação delas — ponderou o senador. Fonte: Senado Federal (http://www12.senado.leg.br/noticias/temas/justica/pagina/1)

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